
Teremos novidades?
Hoje o Brasil não é mais um país periférico na gastronomia mundial, inclusive já temos chefs com projeção internacional graças à originalidade de suas cozinhas.
Nos últimos anos, devido à circulação mais fácil de informações e ao desgaste do modelo da fusion Cuisine (os tradicionalistas a tratavam com confusion cuisine) e posteriormente da cozinha criada por Ferran Adriá, os chefes do mundo inteiro começaram a procurar outros rumos.
Estas tendências deixaram fortes marcas na gastronomia atual. Passamos a ver desde chefs que só usam produtos originários de uma determinada distância de seus restaurantes, os que se dedicam primordialmente a um ingrediente e até aqueles que coletam os ingredientes nas matas e bosques nas proximidades de seus restaurantes.
Durante este tempo começou a surgir uma nova cozinha brasileira onde receitas tradicionais usam técnicas mais avançadas ou retiradas das tradicionais técnicas culinárias da Europa, oriente, América do Sul e até das nossas tribos indígenas.
A
imagem que ilustra este texto é uma clara demonstração da cozinha de fusão com
técnicas estrangeiras e ingredientes nacionais ou banais como o arroz, a alga
japonesa, a barriga do porco e o tucupi preto. Tudo junto formando um delicioso
sushi de barriga de porco com tucupi preto substituindo o shoyo. O chef Jefferson
Rueda usa espumas, cozimento em baixa temperatura entre outras técnicas em seu
restaurante de inspiração caipira em São Paulo.
Todo este caldeirão de
influências está ajudando a formar a nova cozinha brasileira, decolada da cozinha
tradicional.
Existem aqueles que fazem
questão de preservar e defender as tradições e os produtos locais. As
moquecas, bistequinhas, tutus, bobós, não vão sumir, só trocarão de
categoria.
Pela primeira vez vamos ter 2 cozinhas brasileiras: a gastronômica, ou sei lá como
será designada, e a tradicional ou regional.Acredito que pela primeira vez
estamos começando a ver chefs tratando ingredientes banais em sua região de
origem só como ingredientes. O tucupi é só tucupi, não mais um ingrediente
especialíssimo vindo do Pará, assim como a ora pro-nóbis vem perdendo o seu
status de Panc para virar um ingrediente comum como o é em Minas Gerais.
Os mais famosos chefs do mundo, dedicam parte considerável do seu tempo em viagens internacionais, seja para dar palestras, participar de jantares, eventos os só de estudos para conhecer uma cozinha local da qual têm curiosidade.
Assim que voltam reassumem suas cozinhas em um ritmo frenético.
Com este período parado seja na cidade onde moram, em sítios ou suas cidades de origem surgiu um tempo para processar toda esta informação e observar mais a comida local e caseira que estão consumindo. Espero que tenhamos muitas mudanças na nossa cozinha.